Crônica: Aquela dos Cabelos Cacheados
Para uma melhor experiência leia escutando: Lover, Taylor Swift
Era uma manhã fria de maio, a neblina cobria boa parte da minha visão, no entanto, seria impossível não notar a dona dos cabelos cacheados que vinha sorridente em minha direção. Ou, era isso que eu pensava.
Aquele sorriso não era pra mim, era para a sua amiga que acenava freneticamente há alguns metros atrás de mim, por alguns segundos consigo sentir seu doce perfume, era difícil acreditar que já faziam quase três anos que eu me pego apenas a observando,
Sem coragem de me aproximar, sem coragem de me declarar.
A primeira vez que a vi foi quando ainda estudávamos no ensino médio - por alguma razão do destino, acabamos na mesma sala - existiam tantas razões pelas quais eu sou apaixonado por ela, mas se eu as fosse contar me faltaria tempo, porém, apesar da sua risada que era contagiante, da sua inteligência que costumava roubar a cena, existia algo que me fascinava de uma maneira inexplicacável.
Os seus belos cabelos cacheados.
As vezes eu costumava me perguntar o porquê daquilo me atrair tanto. Meus amigos me chamavam de louco ou de sem noção por estar tão ligado em um simples detalhe, mas não era assim que eu via.
Na minha concepção, seus cabelos transmitiam quem ela era por dentro: livre, feliz, um pouco complicada, contudo, tudo o que eu queria. Aquela com os cabelos cacheados dominou meus pensamentos sem nem eu perceber, conquistou meu coração sem nem se esforçar e se tornou parte dos meus sonhos quando eu menos esperava.
Eu não poderia continuar assim, sendo apenas um mero admirador da história que eu gostaria de viver. Se fosse para fazer parte daquilo, eu seria o coadjuvante, pois ela era a protagonista de tudo.
Não foi em uma manhã fria, mas como sempre meu olhos apenas a exergava. Minhas mãos tremiam dentro do bolso, eu revisava - pela milésima vez - o discurso que eu tinha criado durante o banho. Eu respirei fundo pelo menos três vezes antes de caminhar na direção dela.
Porém, tudo sumiu da minha mente quando ela sorriu e disse: oi.
Ah! Minha mente ficou em branco e honestamente eu nem sei que palavras sairam da minha boca além de: eu acho seus cabelos cacheados lindos.
Lembro de ver seu rosto se tornar vermelho e suas amigas sorrirem como se soubessem de algo, tenho certeza que não foi um dos discursos que ela costuma ler em seus livros favoritos, entretanto, o final de tudo foi bem melhor do que eu poderia ter imaginado.
"Eu também gosto de você." Foi tudo o que ela disse, mas para mim foi como se o Flamengo tivesse sido campeão na Liberdadores.
Não. Nenhuma vitória do meu time poderia sequer se comparar ao que eu senti naquele dia.
Era uma fria manhã de maio. A neblina cobria boa parte da minha visão, entretanto, seria impossível não notar a dona dos cabelos cacheados que vinha sorridente em minha direção.
E dessa vez, ela sorria para mim.

Por: Ana Silva